Archive for 2018

Garantem-nos Que Está Tudo Bem

Mas depois vem o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses e apresenta uma "versão alternativa dos factos". Um episódio recorrente, diga-se.

 
Nelas com mais de 18 milhões de euros de resultado económico negativo


  


Siga! Em 2018 ainda irá ser pior (mesmo com o maior "martelanço" que se verifica sem responsável financeiro)


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Nobel da Hipocrisia e da Mentira

Ainda ontem escrevia que “o tipo que é especialista em pegar no que é de todos e tratar de o vender como se fosse seu” para me referir a alguém sobejamente conhecido e não é que hoje tenho de voltar à temática dos roubos e de pegar no que é dos outros e tratá-lo como se nosso fosse.

Alertado por um passarinho menos susceptível a náuseas, que me impediram, dado o conteúdo, de ler com a devida atenção o texto, chegamos à conclusão que a recente "carta aberta de Luís Pinheiro", não passa de um roubo descarado a um texto que José Saramago fez referindo-se a Barack Obama. 

A comparação entre um taberneiro de bar de alternadeiras de estrada e o antigo Presidente dos EUA é anedótica e remete para o primeiro a autoria do crime - pois é notória a sua megalomania, mas fica para o segundo a autoria, devidamente assinada.

Plagiar é feio sr. “professor”. É roubar. Mostrar o dos outros como se fosse nosso diz muito do carácter de quem o faz, revela que faz da mentira um modo de vida e que assim  procede em tudo.

Já foi isso que sempre fez com a Luta de Canas por melhor distribuição de recursos e pela restauração do Concelho: tomou-a como sua e desbaratou-a para fazer dinheiro para si. Pobres dos que lhe seguiram as pegadas até agora. Os sinais são tantos e tão evidentes há tanto tempo que surpresas só para os desatentos.

Em seguida ficam os textos e comparem para verem ao que os presidentes de Câmara e Junta de Canas, e seu séquito de apoiantes, anda. A Fundação José Saramago que os processe, que quiser.

Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009
Obama
A Martin Luther King mataram-no. Quarenta mil polícias velam em Washington para que
hoje não suceda o mesmo a Barack Obama. Não sucederá, digo, como se na minha mão estivesse o poder de esconjurar as piores desgraças. Seria como matar duas vezes o mesmo sonho. Talvez todos sejamos crentes desta nova fé política que irrompeu em Estados Unidos como um tsunami benévolo que tudo vai levar adiante separando o trigo do joio e a palha do grão, talvez afinal continuemos a acreditar em milagres, em algo que venha de fora para salvar-nos no último instante, entre outras coisas, desse outro tsunami que está arrasando o mundo. Camus dizia que se alguém quisesse ser reconhecido bastar-lhe-ia dizer quem é. Não sou tão optimista, pois, em minha opinião, a maior dificuldade está precisamente na indagação de quem somos, nos modos e nos meios para o alcançar. Porém, fosse por simples casualidade, fosse de caso pensado, Obama, nos seus múltiplos discursos e entrevistas, disse tanto de si mesmo, com tanta convicção e aparente sinceridade, que a todos já nos parece conhecê-lo intimamente e desde sempre. O presidente dos Estados Unidos que hoje toma posse resolverá ou intentará resolver os tremendos problemas que o estão esperando, talvez acerte, talvez não, e algo nas suas insuficiências, que certamente terá, vamos ter de lhe perdoar, porque errar é próprio do homem como por experiência tivemos de aprender à nossa custa. O que não lhe perdoaríamos jamais é que viesse a negar, deturpar ou falsear uma só das palavras que tenha pronunciado ou escrito. Poderá não conseguir levar a paz ao Médio Oriente, por exemplo, mas não lhe permitiremos que cubra o fracasso, se tal se der, com um discurso enganoso. Sabemos tudo de discursos enganosos, senhor presidente, veja lá no que se mete.

Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009
Donde?
Donde saiu este homem? Não peço que me digam onde nasceu, quem foram os seus pais, que estudos fez, que projecto de vida desenhou para si e para a sua família. Tudo isso mais ou menos o sabemos, tenho aí a sua autobiografia, livro sério e sincero, além de inteligentemente escrito. Quando pergunto donde saiu Barack Obama estou a manifestar a minha perplexidade por este tempo que vivemos, cínico, desesperançado, sombrio, terrível em mil dos seus aspectos, ter gerado uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e colectiva, de respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na vida. Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo dos poderosos, esses mesmos que, a partir de hoje (tenham-no por certo), vão vestir à pressa o novo figurino e clamar em todos os tons: “Eu também, eu também.” Barack Obama, no seu discurso, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo pode ser melhor do que isto a que parecemos ter sido condenados. No fundo, o que Obama nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vinhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja boa para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para começar.


Carta Aberta: 
Caros conterrâneos:
Camus dizia que se alguém quisesse ser reconhecido bastar-lhe-ia dizer quem é. Não sou tão otimista, pois, em minha opinião, a maior dificuldade está precisamente na inadaptação de quem somos, nos modos e nos meios para o alcançar.
Porém, fosse por simples casualidade, fosse de caso pensado, Borges da Silva, nas suas múltiplas funções como Presidente da Câmara Municipal de Nelas, disse tanto de si mesmo, com tanta convicção e sinceridade, que a todos já nos parece conhecê-lo intimamente e desde sempre.
Inesperadamente, é esse mesmo homem que decide, agora, nomear o Presidente da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim como seu chefe de gabinete, sabendo ele quem eu sou e o que essa decisão poderá ser incompreendida por alguns dos seus.
Seja como for, trata-se definitivamente de um homem com a coragem necessária para resolver ou intentar resolver muitos dos novos problemas que nos estão esperando, nomeadamente na área da Educação. Talvez acerte, talvez não, e algo nas suas insuficiências, que certamente terá,  vamos ter de lhe perdoar, porque errar é próprio do homem como tivemos de aprender à nossa própria custa. O que não lhe perdoaríamos jamais é que não tentasse tudo para resolver esses mesmos problemas.
Eu, Luis Pinheiro, em nome desse desafio e desse imensa coragem humana deste homem, mais que aceitar a acumulação destas novas responsabilidades, estendo assim a minha total colaboração a essa voz que se levanta para nos falar de valores, de responsabilidade pessoal e coletiva e de respeito pelos munícipes em geral, que exprimiram a sua vontade, esmagadoramente expressa nas últimas eleições autárquicas. Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo de algumas mentalidades, infelizmente, instaladas nos corredores dos vários poderes instalados. Talvez, eu próprio possa ser incompreendido por alguns, até posso não conseguir os objetivos, agora confiados, mas não permitirei que se cubra o fracasso, se tal se der, com um discurso enganoso. Sei no que me meto e, também, ao que vou, pois sei que continuarei ao serviço de quem mais precisa – o Povo!
Borges da Silva, com a sua surpreendente e corajosa decisão, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo em que vivemos pode ser melhor do que isto a que parecemos condenados. No fundo, o que Borges da Silva nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vínhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para prosseguirmos. Para evoluirmos.

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SARAMAGO
Camus dizia que se alguém quisesse ser reconhecido bastar-lhe-ia dizer quem é. Não sou tão optimista, pois, em minha opinião, a maior dificuldade está precisamente na indagação de quem somos, nos modos e nos meios para o alcançar. 

Luís
Camus dizia que se alguém quisesse ser reconhecido bastar-lhe-ia dizer quem é. Não sou tão otimista, pois, em minha opinião, a maior dificuldade está precisamente na inadaptação de quem somos, nos modos e nos meios para o alcançar.

SARAMAGO
Porém, fosse por simples casualidade, fosse de caso pensado, Obama, nos seus múltiplos discursos e entrevistas, disse tanto de si mesmo, com tanta convicção e aparente sinceridade, que a todos já nos parece conhecê-lo intimamente e desde sempre. 

Luís
Porém, fosse por simples casualidade, fosse de caso pensado, Borges da Silva, nas suas múltiplas funções como Presidente da Câmara Municipal de Nelas, disse tanto de si mesmo, com tanta convicção e sinceridade, que a todos já nos parece conhecê-lo intimamente e desde sempre.

SARAMAGO
O presidente dos Estados Unidos que hoje toma posse resolverá ou intentará resolver os tremendos problemas que o estão esperando, talvez acerte, talvez não, e algo nas suas insuficiências, que certamente terá, vamos ter de lhe perdoar, porque errar é próprio do homem como por experiência tivemos de aprender à nossa custa. O que não lhe perdoaríamos jamais é que viesse a negar, deturpar ou falsear uma só das palavras que tenha pronunciado ou escrito. 

Luís
Seja como for, trata-se definitivamente de um homem com a coragem necessária para resolver ou intentar resolver muitos dos novos problemas que nos estão esperando, nomeadamente na área da Educação. Talvez acerte, talvez não, e algo nas suas insuficiências, que certamente terá,  vamos ter de lhe perdoar, porque errar é próprio do homem como tivemos de aprender à nossa própria custa. O que não lhe perdoaríamos jamais é que não tentasse tudo para resolver esses mesmos problemas.

SARAMAGO 
ter gerado uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e colectiva, de respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na vida. Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo dos poderosos, esses mesmos que, a partir de hoje (tenham-no por certo), vão vestir à pressa o novo figurino e clamar em todos os tons: “Eu também, eu também.” 

Luís 
Eu, Luis Pinheiro, em nome desse desafio e desse imensa coragem humana deste homem, mais que aceitar a acumulação destas novas responsabilidades, estendo assim a minha total colaboração a essa voz que se levanta para nos falar de valores, de responsabilidade pessoal e coletiva e de respeito pelos munícipes em geral, que exprimiram a sua vontade, esmagadoramente expressa nas últimas eleições autárquicas. Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo de algumas mentalidades, infelizmente, instaladas nos corredores dos vários poderes instalados.

SARAMAGO
Poderá não conseguir levar a paz ao Médio Oriente, por exemplo, mas não lhe permitiremos que cubra o fracasso, se tal se der, com um discurso enganoso. 

Luís 
Talvez, eu próprio possa ser incompreendido por alguns, até posso não conseguir os objetivos, agora confiados, mas não permitirei que se cubra o fracasso, se tal se der, com um discurso enganoso. Sei no que me meto e, também, ao que vou, pois sei que continuarei ao serviço de quem mais precisa – o Povo!


SARAMAGO
Barack Obama, no seu discurso, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo pode ser melhor do que isto a que parecemos ter sido condenados. No fundo, o que Obama nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vinhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja boa para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para começar.

Luís 
Borges da Silva, com a sua surpreendente e corajosa decisão, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo em que vivemos pode ser melhor do que isto a que parecemos condenados. No fundo, o que Borges da Silva nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vínhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para prosseguirmos. Para evoluirmos.

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Alquimias

Talvez para não destoar da temática, a gestão da Feira Medieval de Canas de Senhorim tem vindo a registar verdadeiras anacronismos que ajudam a transformar aquele que já foi um certame de eleição, vanguardista e cuidado, em algo que não destoa da verdadeira praga de "feiras e viagens medievais" em tudo o que é canto desta nossa Lusitânia.

Será provavelmente por isso que podemos assistir em Canas de Senhorim à venda completamente descontrolada e sem qualquer tipo de sanção ou admoestação de bugigangas de plástico, com e sem símbolos da Hello Kitty, cerveja em copos de plástico, e toda uma panóplia de coisas que não existiam na época (musica pimba televisionada incluída) medieval que supostamente o mercado evoca.

É também extraordinário que ao longo de tantos anos ainda se privilegie a contratação em massa de artistas achadiços com uma quase total ausência de gente de cá. É igualmente lamentável que, passados todos estes anos, a Feira não sirva (propositadamente) como polo agregado de freguesias e povoações limítrofes, quase totalmente ausentes de representação aqui. Talvez a tentação de tingir o alforge de serapilheira de tons de metileno possa servir de justificação.

Ainda assim a Feira, com todos estes óbices, consegue atrair milhares de pessoas e é provavelmente o evento de todo o concelho com mais participantes e tem capacidade para atrair ainda mais. A construção e disponibilização de casas de banho (coisa básica que só em 2014 viu luz) mas igualmente o crescimento para a Quelha da Igreja (provavelmente o o espaço mais medieval que temos), para a Rua da Igreja e para o Casal (bairro mais antigo de Canas), aos poucos, dando mais espaço para circular, serviriam esses propósitos. Basta deslocar as barreiras (surgidas igualmente em 2014 e que complementam a que habitualmente os Escuteiros construíam junto aos Bombeiros) que delimitam o espaço da Feira. Basta construir sanitários públicos que serviriam para além da Feira para o Carnaval, e outras iniciativas realizadas naquele que é um dos espaços mais nobres e bonitos de Canas e que o tornam ideal para estes eventos.  

Há igualmente uma outra questão que não consigo compreender como não é aceite por quem se julga dono e senhor do certame (algo que igualmente propus enquanto me deixaram - e que parou quando apresentei contas que provavam que se conseguiam trazer os mesmíssimos artistas gastando quase menos 50% do dinheiro):
- Como é que num concelho que gosta de se afirmar como um produtor de vinho de excelência não estão presentes produtores de vinho? Como é que um município que gasta centenas de milhares de euros naquilo que diz ser a promoção do "néctar" não aproveita a deslocação destas milhares de pessoas para igualmente promover os produtores locais e a Região? Além do mais isto poderia servir igualmente para ajudar a promover convenientemente a Feira, Canas e a Região e seguramente trazer algum rigor acrescido ao certame. Como aliás havia nos primeiros anos. 

Talvez porque a Feira sirva também para fazer umas espécie de alquimia financeira haja coisas que nunca vão mudar. 

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Business as Usual

No executivo nelense continua tudo na mesma - muitas promessas, muitos milhões anunciados mas pouca concretização e, pior ainda, desperdício do dinheiro de todos para proveito de uns poucos (muito poucos), em benefício de quem, na prática, põe e dispõe como muito bem entende e se julga isento de escrutínio. 

Alguém sabe quando são inauguradas as zonas industriais que iam ser objecto de 10 milhões de investimento - link, inserido num investimento global anunciado de mais de 50 milhões de euros, que transformaria Nelas no "centro do centro" e do mundo?

Alguém sabe quando se instalam as primeiras empresas na ZI 4 - Fornos Eléctricos - já que foi pomposamente anunciada a sua compra? Ou a compra dos terrenos da ex CPFE e o anuncio da instalação da Loureiro & Filhos, em vésperas de eleições afinal não passaram de propaganda para enganar os eleitores? 

Na última edição o Jornal do Centro informa-nos que, desta feita, o executivo quer fazer um novo "parque urbano" (em Nelas, como é óbvio) num investimento de um milhão de euros. Depois da falhada "regeneração urbana" em Nelas nas áreas menos necessitadas, mais um investimento centralizador e desnecessário que canaliza o dinheiro de todos para algo não prioritário. Ter outro parque urbano numa vila campestre é mais uma manifestação de parolismo e faz-nos desconfiar de outros interesses, interesses que já foram manifestados numa célebre compra de uma quinta em Carvalhal Redondo e na tentativa de compra da Nelcivil. Interesses que se manifestam igualmente na venda de terrenos para industrias que fazem avenças. 

Na sede do concelho já existe a Mata das Alminhas e, a dois passos, a Quinta Cerca - totalmente abandonada e descapitalizada. Ao mesmo tempo, na Urgeiriça, não se potencia o parque que a EDM ali deixou porque, segundo o edil, "fica caro alocar um funcionário àquele espaço".
Enquanto se prometem  milhões para encher o olho a quem gosta de ser enganado não há dinheiro para reparar estradas (é ver como está a que liga Caldas da Felgueira a Santar, a Rotunda da Vinha, as partes da EN231 de responsabilidade municipal ou tantas e tantas pequenas vias). Enquanto se promete um concelho cada vez mais concentrado na sede de concelho, só se limpam as ruas quando há algum evento cultural (e onde há) para inglês ver. Enquanto se promete algo caro e não necessário continuamos sem implementar as áreas de reabilitação urbana que podiam potenciar a preservação do património existente e a sustentabilidade cultural e económica do concelho. Enquanto se anunciam investimentos balofos não se tratam dos parques infantis totalmente abandonados nem se tratam dos jardins públicos já existentes.

Business as usal, portanto, siga a Marinha e a propaganda. Promessas de ETARs, promessas de estradas, de largos, de mais 2 mil pessoas, bla bla bla, whiskas saquetas, mas, não fossem as obras pagas pela ENDESA pela não realização da Barragem de Girabolhos e a maior "obra" seria mesmo o aumento da dívida para níveis que, em 2013 quando fomos eleitos, era "uma vergonha", "insustentável", e razão para rasgar as vestes.

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Algumas Perguntas Sobre Vergonha Socialista

Aleluia, aleluia. 

E, subitamente, querem fazer-nos crer que o "mundo mudou". 

Ontem fomos todos surpreendidos pelo súbito despertar de alguns elementos do Partido Socialista para a "ética republicana" e para os efeitos que as gravíssimas acusações que recaem sobre Sócrates, Pinho e outros terão na República e no próprio partido. Aparentemente o Partido e os socialistas sentem vergonha e embaraço que alguém em seu nome tenha praticado actos que consideram inadmissíveis. Que os socialistas, os verdadeiros, os atentos, têm vergonha, eu não tenho a mínima dúvida. Alguns até se sentirão traídos, o que é perfeitamente admissível. 

Pena que tenha sido tão tarde. Pena que as suspeitas tão solidamente fundadas, que minam a confiança de que a política e os regimes vivem, só agora tenham acordado quem, nos discursos, jura nortear toda a sua acção por determinados princípios. Deve estar alguma bomba para sair ou houve ameaça que sairia se nada mudasse. 

Sobre a temática, que me é especialmente cara por ser militante do partido, deixo algumas perguntas simples e, parece-me, legítimas: 

  1. Sentiriam estes socialistas vergonha de um presidente de câmara (dito socialista e eleito nas listas do partido) que comprasse uma quinta de manhã por 30 mil euros e a vendesse à tarde por 90 mil (intervindo administrativamente no processo que a permitiu vender e comprar)?;
  2. Sentiriam estes socialistas e o Partido vergonha de um autarca (dito socialista) que continuasse, por comunhão de bens, a exercer advocacia a clientes que beneficiassem de decisões tomadas pelo presidente da câmara?;
  3. Considerariam grave que o presidente de câmara (dito socialista) vendesse terrenos abaixo do preço de custo a empresas para as quais tivesse relação laboral?;
  4. Considerariam admissível atropelos a todas as regras ambientais, tolerados e mascarados por presidente de câmara (dito socialista), feitos por empresas com os quais tivesse avenças para prestação de trabalho jurídico?;
  5. Considerariam vergonhoso que fossem usados fundos comunitários, públicos, para resolver problemas exclusivamente particulares?;
  6. Parecer-lhes-ia correcto que um presidente de câmara (dito socialista) comprasse terrenos a empresas falidas das quais fosse credor individual?;
  7. Sentiriam vergonha que um presidente de câmara (dito socialista) insultasse escabrosamente (chamando "burros", "porcos", "puta", entre outros mimos, a vereadores?;
  8. Sentiriam vergonha que um presidente de câmara não cumprisse deliberações da câmara a que preside?;
  9. Achariam razoável que um presidente de câmara (dito socialista) pusesse a própria câmara em tribunal, perdendo todos os processos, e quem tivesse de pagar tudo fosse o erário público?;
  10. Achariam aceitável que um presidente de câmara (dito socialista) ignorasse alertas sobre todos os assuntos, se gabasse de fazer o que quer e, neste registo, até tivesse provocado incêndios?;
  11. Achariam vergonhoso que os órgão distritais e nacionais do partido, tivessem conhecimento de tudo isto e de muito mais, mas escolhessem olimpicamente ignorar e concedessem, ainda assim, apoio a uma figura destas, contrariando a deliberação democrática da comissão política concelhia competente? 

Têm vergonha, dizem eles. Eu, digamos que, tenho dúvidas. Mas haja esperança. Para a frente é que é o caminho.

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Transparência?

Todos os anos é publicado o Índice de Transparência Municipal (ITM). Este índice mede o grau de transparência das Câmaras Municipais através de uma análise da informação disponibilizada aos cidadãos nos seus web sites. O ITM é composto por 76 indicadores agrupados em sete dimensões: 
  1. Informação sobre a Organização, Composição Social e Funcionamento do Informação sobre a Organização, Composição Social e Funcionamento do Município;
  2. Planos e Relatórios; 
  3. Impostos, Taxas, Tarifas, Preços e Regulamentos; 
  4. Relação com a Sociedade; 
  5. Contratação Pública; 
  6. Transparência Económico-Financeira; 
  7. Transparência na área do Urbanismo.
Já o ano passado escrevi sobre isso, e como isto é revelador da forma de gerir o nosso concelho, sem qualquer respeito pelos seus concidadãos, em total afastamento pelas boas práticas de transparência e revelando que, no fundo, se encara a Câmara Municipal como uma espécie de coutada particular onde não existe qualquer necessidade ou obrigação de prestar contas aos seus cidadãos. Como se elevou a propaganda a uma espécie de divindade, com o propósito de escamotear e ludibriar, quanto menos informação se partilhar mais fácil será depois, em altura eleitoral, enganar o "Zé Povinho". Isto enquanto se apregoa, escondendo tudo o que se pode, que não há segredos. 

Este ano o Município de Nelas observou uma subida de 13 lugares mas, em 308 municípios, encontra-se em 257 lugar. Pior era possível mas, não muito pior. 

Aqui à volta, volta a ser o o pior de todos num ranking onde Oliveira do Hospital é 7º, Carregal do Sal é 16º e Viseu é 38º. 


Mas como realmente importante parece ser dizer que se é (ou faz) e não ser (ou fazer), é muito provável que os inúmeros gestores da Autarquia estejam, no seu intimo, bastante satisfeitos. Curiosamente, ou não, o pior indicador de todos é o da contratação pública (aquela parte que permitiria mais facilmente aferir como é que o nosso dinheiro é e onde é gasto).

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IRS

As autarquias têm a prerrogativa de poder devolver aos seus munícipes uma parte do IRS cobrado pela Autoridade Tributária. Esse valor é deliberado pelas Câmaras Municipais e pode atingir os 5% do valor cobrado pelo Fisco. 

Em 2018 vão ser 113 os municípios que devolverão alguma parte desta receita mas, o de Nelas não será um deles. Em Nelas de todo o IRS que lhe cobram a Câmara opta por ficar com todo o que pode.

Como antes, durante e depois, da campanha eleitoral ouvimos propalado que "as finanças da Câmara estão saudáveis", "reabilitamos financeiramente a autarquia" e outras palavras de ordem a precisar de demonstração cabal, resta-nos a hipótese de esta decisão ser uma opção política consciente (na realidade temos ainda a menos simpática possibilidade de a "regeneração financeira" ser uma mera patranha). 

Para 2019 (porque já foi deliberado qual o valor a devolver para o ano) em Nelas o panorama será exactamente o mesmo. Já no país serão 129 os municípios a devolver rendimento às pessoas. Talvez lá para 2021, ano eleitoral, haja alguma preocupação com isso (que o eleitor tem tendência a ser esquecido) e, podendo devolver até 5% do IRS em 4 anos, se devolvermos só o de 1, sempre fica mais para gastar em propaganda. É preciso maçaroca que não aparece uma ENDESA a pagar obras todos os anos. 
A imagem é do Jornal de Negócios
Não deixa de ser extraordinário que um executivo dito socialista privilegie taxar os impostos sobre o trabalho - ler IRS - em detrimento do sobre o património - ler IMI, que atinge mais, naturalmente, os mais ricos e com mais propriedades.

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Incerteza na Covercar?

Em Maio do ano passado, com o aparato habitual nestas situações, foram inauguradas as novas instalações da Covercar. Empresa presente no concelho de Nelas há anos, em instalações arrendadas e que, fruto de vários apoios e da autarquia de Nelas, construiu um novo pavilhão na Zona Industrial da Ribeirinha em Canas de Senhorim. 

Aquando do contacto da empresa com a CM de Nelas, era eu vice-presidente (lugar que só ocupei mais meses), foi requerido à Autarquia que fosse cedido terreno a 0.5€/m2 (política costumeira há mais de uma década) e, como os havia , fiz tudo para que os terrenos cedidos fossem em Canas de Senhorim. Isto para que, de uma vez por todas, se acabasse com o estigma de que em Canas não há condições para instalar empresas (algo que só a Officelan tinha ousado contrariar). Esta instalação só foi possível porque , na altura, outra empresa se iria instalar em Nelas – AzurMetal, apaziguando os sentimentos primários de centralismo que todos conhecemos. 

Foi na presença do Ministro das Infraestruturas, de deputados da Nação, presidentes de Junta, líderes políticos e outros biblots que os setenta funcionários começaram a produzir para a Auto Europa, capas e outros componentes. 


Já antes disso o presidente da Câmara tinha, quase unilateralmente, decidido sobre a terraplanagem e outras benesses a atribuir à empresa com a qual o seu escritório de advogados tinha (tem?), alegadamente, uma avença de prestação de serviços jurídicos. Esses trabalhos de movimento de terras, até foram alvo de uma queixa crime por parte de Manuel Marques pois, segundo este, foram feitos sem qualquer procedimento concursal importando em mais de 300 mil euros. A isto devemos somar, pelo menos, os custos de instalação de um posto de transformação de energia, que, espante-se, foi, alegadamente, montado às expensas de todos nós e não da empresa e, ainda, um contrato de apoio à contratação que implica, se não me engano, a manutenção de postos de trabalho por um período de três anos. 

Quase 170 trabalhadores dão o seu melhor para fornecer os produtos para o palmelão T-Roc mas pelos vistos grande parte destes cidadãos poderão ir para o desemprego. Ao que parece (andam para aí uns rumores que já foram até "noticiados"), ultrapassados que estão constrangimentos em Marrocos, o grosso da produção vai alegadamente ser para lá deslocalizada com a consequente perda de postos de trabalho no concelho. Enquanto isso não acontece há relatos de imposição de condições de trabalho pouco éticas, como 12 horas de trabalho por dia, Sábados, Domingos e Feriados, bem como alteração de planos de férias - o que terá já levado a que alguns tenham avançado com processos em tribunal. 

Neste momento alguém poderá estar a estudar a redução em cerca de 70% dos postos de trabalho (120?) e a transferência da produção para África. Esperemos que, de alguma maneira, isso não corresponda à verdade e não chegue a ser concretizado. Mas para tal seria importante, entre outras coisas, questionar e denunciar esta possibilidade. Não deixa de ser curioso que da parte da Autarquia não haja qualquer manifestação pública de preocupação com o assunto e os postos de trabalho ameaçados. Houve avultado investimento de dinheiros públicos que pode ir pelo ralo abaixo e poderá haver eventual incumprimento dos compromissos protocolados. A relação próxima entre o presidente da Câmara e a empresa não permite equacionar a possibilidade de este desconhecer a situação. 

Ou será que outras relações laborais se irão sobrepor, uma vez mais, ao interesse comum e público? Seria conveniente que os que se apressaram a estar presentes na inauguração agora, pelo menos, levantassem publicamente questões sobre esta situação e procurassem inteirar-se sobre todos os contornos (mesmo o mais nebulosos).

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Monopolizar

É de alguma forma recorrente, surgindo amiúde na comunicação social, a questão da competitividade das empresas e dos trabalhadores portugueses. Curiosamente por estas bandas, quando vertida à nação em jeito de espectáculo, é sempre servida como um problema dos trabalhadores e nunca da responsabilidade de outros contextos. É-nos invariavelmente garantido que é preciso trabalhar mais pelo mesmo dinheiro, ganhar menos, reduzir direitos, olhar para o enquadramento internacional, etc., e tal, whiskas saquetas. 

Estranhamente em climas mais friorentos, nas margens do Reno, o IG Metal, poderoso sindicato tudesco, conseguiu recentemente um aumento de 4.3% dos vencimentos e um alivio das horas de trabalho. Um dia tais ventos soprarão na Arrábida. 

Continuando, noutro dia acordei (literalmente) com a notícia de que a Citröen de Mangualde ameaçava deslocalizar a maior empresa do Distrito de Viseu caso os critérios de classificação dos veículos para efeitos de portagem não fossem revistos. Exige a empresa que a classe classe um possa acomodar um novo modelo que por lá será – com excelente qualidade, tenho a certeza – produzido. À luz dos critérios actuais o tal veículo cairia na classe dois e, portanto, pagaria muito mais das excessivamente caras portagens portuguesas. Como eu já vi um episódio destes com um monovolume produzido para os lados de Palmela, já sei como o filme acaba – a classe um vai passar a incluir o veículo da PSA produzido em Mangualde. 

Devemos um agradecimento sincero a esta multinacional. Devemo-lo por nos demonstrar de forma clara o tipo de país e de sociedade em que vivemos. Com estes actos podemos compará-la com, por exemplo a Alemanha, onde um grupo de trabalhadores, devidamente associados e organizados, conseguiu o que atrás referi. 

É sempre refrescante relembrarem-nos que a nossa democracia (e sociedade) ainda tem muito que trilhar para se tornar competitiva em termos democráticos. Quando uma simples ameaça (bem vinda, note-se) de uma empresa, para que se baixem as portagens, tem mais eco nos decisores do que o bradar de diversas comissões de utentes e opiniões de cidadãos é sem dúvida revelador. 

Se há quem julgue que os custos das portagens minam os custos da produtividade do país, que contribuem para a sua desertificação e para uma doentia concentração na faixa costeira (com os custos ambientais que este Verão nos fez questão de espetar pelos olhos adentro), é porque não vêm o filme todo, não estão por dentro dos problemas, e são certamente, opiniões que não valem o tempo que gastamos a lê-las (caso não sejam opiniões de empresas poderosas, naturalmente). Tais como as aquelas que nos dizem que o preço da electricidade ou dos combustíveis, dos mais caros da Europa, não tem relação nenhuma com a dita produtividade. 

(Por falar em combustíveis sabia que o preço médio actual do gasóleo é de €1,35/l, quando há um ano era de €1,07/l e que o barril de Brent está mais barato do que em 2015.)

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Fixação com o Interior

Hoje, 18 de Janeiro, o Jornal de Notícias dá conta que as portagens voltam a aumentar e, admire-se quem quiser, estas aumentam mais nos troços que servem as regiões mais interiores de Portugal, quando comparadas com as do litoral. 

Podíamos, fôssemos pouco atentos ou mal intencionados, dizer que, mais uma vez, o Governo (este, aquele, etc.) está mais uma vez a ceder aos interesses das empresas privadas concessionárias que para atingirem um lucro de que não abdicam, e como há menos carros a circular, têm de aumentar o valor unitário da passagem na infraestrutura. Podíamos até dizer que a retórica frequentemente utilizada de que agora é que vamos discriminar positivamente as regiões do interior é uma treta, que as estruturas de missão para o interior não serviram para nada, que os discursos ouvidos depois dos dantescos incêndios eram vazios, que os investimentos públicos mais relevantes se centram sempre na capital do país ou na capital do Norte deixando aos restante país migalhas que não invertem (como poderiam?) o abandono populacional do interior e o deixam para pasto livre das chamas. Podíamos mas temos de ser mais optimistas e ver para além do óbvio. 

Todos sabemos que as estradas tanto servem para trazer pessoas como para as levar e o que provavelmente se pretende com esta medida é tornar mais caro e, consequentemente, difícil, a saída de pessoas do interior e, assim, evitar o êxodo de populações, ajudando-as a fixarem-se nos locais que ainda habitam. Esta medida é também uma forma de seleccionar visitantes, excluindo os financeiramente menos abonados, que visitam o interior mas poucas divisas nos legam. Temos portanto de louvar e agradecer esta iniciativa que, pese embora incompreendida, serve para proteger o interior. 

Outra medida que devemos (mas esta devemos mesmo) aplaudir é a intenção de criação de “cabras-sapadoras” para limpar as faixas de gestão de combustível de forma ecológica. Em tempos falou-se de “cabras-bombeiras” para o distrito da Guarda mas, infelizmente, estas nunca foram operacionalizadas. Agora, quem sabe se com recurso aos fundos comunitários, estas cabras foram objecto de formação profissional e foram reconvertidas de “bombeiras” para “sapadoras” e, caso avancem, irão traçar esses montes e ainda nos poderão deliciosos queijinhos.

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