Archive for março 2018

Incerteza na Covercar?

Em Maio do ano passado, com o aparato habitual nestas situações, foram inauguradas as novas instalações da Covercar. Empresa presente no concelho de Nelas há anos, em instalações arrendadas e que, fruto de vários apoios e da autarquia de Nelas, construiu um novo pavilhão na Zona Industrial da Ribeirinha em Canas de Senhorim. 

Aquando do contacto da empresa com a CM de Nelas, era eu vice-presidente (lugar que só ocupei mais meses), foi requerido à Autarquia que fosse cedido terreno a 0.5€/m2 (política costumeira há mais de uma década) e, como os havia , fiz tudo para que os terrenos cedidos fossem em Canas de Senhorim. Isto para que, de uma vez por todas, se acabasse com o estigma de que em Canas não há condições para instalar empresas (algo que só a Officelan tinha ousado contrariar). Esta instalação só foi possível porque , na altura, outra empresa se iria instalar em Nelas – AzurMetal, apaziguando os sentimentos primários de centralismo que todos conhecemos. 

Foi na presença do Ministro das Infraestruturas, de deputados da Nação, presidentes de Junta, líderes políticos e outros biblots que os setenta funcionários começaram a produzir para a Auto Europa, capas e outros componentes. 


Já antes disso o presidente da Câmara tinha, quase unilateralmente, decidido sobre a terraplanagem e outras benesses a atribuir à empresa com a qual o seu escritório de advogados tinha (tem?), alegadamente, uma avença de prestação de serviços jurídicos. Esses trabalhos de movimento de terras, até foram alvo de uma queixa crime por parte de Manuel Marques pois, segundo este, foram feitos sem qualquer procedimento concursal importando em mais de 300 mil euros. A isto devemos somar, pelo menos, os custos de instalação de um posto de transformação de energia, que, espante-se, foi, alegadamente, montado às expensas de todos nós e não da empresa e, ainda, um contrato de apoio à contratação que implica, se não me engano, a manutenção de postos de trabalho por um período de três anos. 

Quase 170 trabalhadores dão o seu melhor para fornecer os produtos para o palmelão T-Roc mas pelos vistos grande parte destes cidadãos poderão ir para o desemprego. Ao que parece (andam para aí uns rumores que já foram até "noticiados"), ultrapassados que estão constrangimentos em Marrocos, o grosso da produção vai alegadamente ser para lá deslocalizada com a consequente perda de postos de trabalho no concelho. Enquanto isso não acontece há relatos de imposição de condições de trabalho pouco éticas, como 12 horas de trabalho por dia, Sábados, Domingos e Feriados, bem como alteração de planos de férias - o que terá já levado a que alguns tenham avançado com processos em tribunal. 

Neste momento alguém poderá estar a estudar a redução em cerca de 70% dos postos de trabalho (120?) e a transferência da produção para África. Esperemos que, de alguma maneira, isso não corresponda à verdade e não chegue a ser concretizado. Mas para tal seria importante, entre outras coisas, questionar e denunciar esta possibilidade. Não deixa de ser curioso que da parte da Autarquia não haja qualquer manifestação pública de preocupação com o assunto e os postos de trabalho ameaçados. Houve avultado investimento de dinheiros públicos que pode ir pelo ralo abaixo e poderá haver eventual incumprimento dos compromissos protocolados. A relação próxima entre o presidente da Câmara e a empresa não permite equacionar a possibilidade de este desconhecer a situação. 

Ou será que outras relações laborais se irão sobrepor, uma vez mais, ao interesse comum e público? Seria conveniente que os que se apressaram a estar presentes na inauguração agora, pelo menos, levantassem publicamente questões sobre esta situação e procurassem inteirar-se sobre todos os contornos (mesmo o mais nebulosos).

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