Archive for junho 2019

Mau Ambiente

Corria o ano de 2013 e o actual presidente da CM de Nelas, com mais algumas pessoas
(nas quais infelizmente tenho de me incluir), prometia mundos e fundos e criticava o que julgávamos ser inadmissível no concelho em termos ambientais. 


Borges da Silva, que se tinha incompatibilizado com o executivo PSD do qual fez parte e anunciava que tal se devia ao carácter gastador e incompetente do mesmo (eu fui um dos ingénuos que acreditei nas patranhas deste “artista”), dizia que sabia do que falava. Pedras de toque das criticas eram a “dívida incomportável” e a “nomeação de pessoal político” que consumiam recursos. Falava em “corar e vergonha” quando se referia ao executivo PSD/CDS e atacava poluidores para os quais, sabe-se hoje, trabalhava enquanto advogado. Hipocrisia e demagogia supremas. Hoje a dívida é superior à que então criticava e o “pessoal político” é maior e mais caro do que então (se bem que tem a originalidade de, pelo menos um, ser, por portas travessas, o mesmo). 

As propostas em matéria ambiental e de gestão eram as seguintes: 
  1. Apostar na valorização sustentável das áreas naturais existentes no concelho, em particular elaborando e concretizando um projecto de intervenção e valorização na aldeia termal das Caldas da Felgueira; 
  2. Tratar das questões ambientais, em particular no acompanhamento da intervenção no passivo ambiental das Minas da Urgeiriça, na despoluição da Ribeira da Pantanha e do Rio Castelo. Têm que acabar os esgotos a céuaberto, a falta do regular funcionamento das ETAR’s e a falta de saneamento garantido a muitas populações.- Impõe-se também o apoio urgente à reflorestação do Concelho bem como a promoção de projectos agrícolas. 
  3. É preciso potenciar as virtualidades dos rios Mondego e Dão e dar-lhes a importância ambiental, termal e turística que verdadeiramente têm. Urge conciliar esforços a montante dos rios, em particular do Rio Mondego, junto das Câmaras de Mangualde, Fornos, Celorico e Gouveia para uma acção concertada de despoluição. Só assim faz sentido pensar em praias fluviais, parques de campismo ou caminhos pedestres, 
  4. Vamos promover uma cultura de educação ambiental, nomeadamente aproveitando e valorizando o espaço da Quinta da Cerca, local em que estão investidos nos últimos 15 anos mais de 3 milhões de euros sem a devida utilização e retorno das estruturas criadas. 

Passaram 6 anos e o que era inadmissível passou a ser tolerável. Criticava-se veementemente que em 8 anos nada tinha sido feito mas, passados mais 6, quase tudo está na mesma. As Caldas da Felgueira continuam uma sombra do que podiam ser. As “virtualidade dos rios Mondego e Dão” ficam apenas para a memória colectiva pois estes continuam a ser inundado de efluentes poluentes. Da promoção da cultura e educação ambiental e da valorização da Quinta da Cerca (e de outros espaços talvez mais importantes) zero e nem a contratação de um “especialista em educação” que chega a ser pago principescamente a 5 mil euros/mês parece fazer algo por esta educação. Quanto às ETARs apostou-se tudo num grande elefante branco que quando começar a funcionar (muito mais tarde do que foi prometido) irá servir essencialmente para nos aumentar os custos dos esgotos que pagamos na factura da água. Uma ETAR que não servirá os interesses do concelho mas, primeiro do que estes, de certo pagador de avenças do concelho. E a isto ainda podemos somar o grave problema dos Fornos Eléctricos que, ignorou e varreu para debaixo do tapete para, servir de mero “trunfo eleitoral” 

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Prioridades

Junho: Mês de Santos Populares, de festas e de arraiais. 

Em Nelas São João batiza o feriado municipal, pese embora se celebrem, por todo o concelho também Santo António e Pedro. São muitas as pessoas e associações que se organizam e trabalham para que em Canas, Lapa do Lobo, Urgeiriça, Nelas, se celebrem estes santos mais de trazer por casa, mais populares. Mas em Nelas o verdadeiro santo é um "santo pagão". Quem manda é o "São Baco" e tem uma festa com vinho a celebrá-lo.

Ainda assim, porque para festas aparentemente nunca falta dinheiro (corta-se na água, nos esgotos, nos parques infantis, nos apoios às associações locais, etc.), celebra-se o São João e este ano o cartaz é este. 


Primeira constatação é que a CM de Nelas considera o chamariz não as marchas populares, o trabalho das Associações, os marchantes mas Herman José. Não desfazendo do "verdadeiro artista", parece-me que se estão a inverter as prioridades e a importância que o Município devia dar ao que é "seu". Será que isso é apenas uma forma inadvertida de manifestar que (para quem valoriza o dinheiro acima de tudo) o lisboeta tem mais "apoio" financeiro por uma simples hora de espectáculo (anima das 22 as 23 horas) que os grupos que desfilam no Santo António, São João e São Pedro? É bastante provável. 

Quatro das Associações culturais mais relevantes do concelho (Paço, Rossio, Cimo do Povo e Bairro da Igreja) recebem, cada uma 12 mil e 500 euros para organizar os Santos Populares e os Carnavais. Trabalho árduo durante meses, com envolvimento de muitos voluntários dedicados, muitas despesas, muito tempo consumido. 

Quanto receberá Herman José para nos entreter 60 minutinhos? Consultado o portal BASE podemos ver que, muito provavelmente, 14 mil euros mais IVA - €18.760. São mais de 312 euros por minuto. Quanto recebem as três Bandas Filarmónicas do Concelho de subsídio anual? Quanto recebem os organizadores do São Pedro na Urgeiriça? E das festas populares na Lapa ou em Vilar Seco? Quantos funcionários da autarquia receberão de vencimento anual esta verba?



Temos portanto os organizadores das festas a desvalorizar quem há anos e anos cria tradições, mantém viva a festa, celebra efectivamente os santos. Julgarão os mandantes que basta oferecer umas sardinhas e está feito? 

Uma outra festa do Concelho, que já foi afirmação de vitalidade e emancipação tem o seguinte cartaz:


Um cartaz onde, sem qualquer margem para dúvidas, o que se valoriza são as Associações, Escola e os artistas locais. Pena é que o dinheiro que podia ser investido nas mesmas Associações não o é em lado nenhum. Ou pelo menos que se saiba. Com tanta proximidade entre Junta e Câmara, tanta amizade entre actores, tanta representação nos órgãos, esperar-se-ia, pelo menos, a continuação de algumas boas iniciativas e até a expansão para outras. Fica para a próxima. 

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O “Milagre” da Propaganda

Reza a lenda, para quem quer acreditar nelas, que Isabel de Aragão, consorte de Dom Dinis, era muito atreita a ajudar os carenciados (sendo que El Rei não apreciava sobremaneira essas misturas). Vai um dia, enquanto levava alimentos debaixo do seu manto, surpreendida pelo monarca e questionada por este, mentiu dizendo que levava rosas. Nessa altura, muito dada a milagres e a animais eloquentes, o pão que trazia terá sido transformado em rosas. A história é omissa relativamente ao que aconteceu às rosas e se terão matado a fome a alguém. 

Hoje em dia, tempos menos propensos a este tipo de fantasias há, ainda assim, quem continue a tentar vender “milagres” aos incautos através de histórias mirabolantes. Isto assume especial relevância em alguns políticos que, em época de eleições, tudo prometem para alcançar posição para depois tratar da sua vidinha. Veja-se o seguinte caso, mais um, no imenso role desfolhado pelo presidente da Câmara Municipal de Nelas, uma “rosa” assim milagrosamente transformada. 

Faltavam alguns dias para as eleições de 2017 e a personagem com claras tendências para a mito e megalomania, assegurava, através de notícia no site da Câmara Municipal, logo replicado pelo pasquim local, que a zona da antiga CPFE (Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos) seria comprada pela Câmara e até já havia um protocolo com um empresário da metalomecânica para se lá instalar. 

Como se pode ver, pelo extrato do protocolo, a empresa, oriunda do Carregal do Sal, ia-se instalar nos Fornos Eléctricos mas, caso isso não fosse possível, instalar-se-ia na ZI da Ribeirinha também em Canas de Senhorim. Eram “favas contadas” para o concelho de Nelas. Quem não achou piada (e bem) foi o edil do Carregal do Sal que não apreciou por aí além as jogadas rasteirinhas do nosso pobre presidente. 

Imagem de Centro Notícias
Estamos em Junho de 2019, passaram dois anos e da empresa nem sinal. Seguiu o mesmo caminho da também carregalense DS Smith que também em Maio de 2017, enganando eleitores e empresários, serviram de propaganda milagrosas - “são empresas senhores, são postos de trabalho”. Só que afinal era tudo léria e nem empresas nem postos de trabalho.

Podia aqui acrescentar uma lista magnânime de promessas da treta que nunca sairam do éter propagandístico mas fiquemos pela promessa estonteante de mais de 50 milhões de euros de investimento nas zonas industriais que foi feita em 2016 e que, até ao momento, viu uma execução muito próxima de zero por cento (ou não será mesmo zero?) 

Enquanto por Nelas a propaganda faz caminho, engrossa, brilha, é areada e/ou substituída por outra recauchutada e mais vistosa, no Carregal do Sal, por exemplo, vemos os parques industriais a serem melhorados, expandidos, vemos investimentos avultados na agricultura. Por aqui “muita parra e pouca uva” e por lá, apostam no bago e deixam-se de folhas para tapar inacções inconsequentes e pudibundas que podem atrair investigações. A tal empresa, que vinha para os Fornos, inaugurou recentemente as suas instalações em Oliveirinha. Já viram a diferença?

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