Muito se tem falado do MRCCS, do que é este Movimento e o que deveria ser. Há quem defenda, a meu ver bem, uma equidistância partidária que lhe dê alguma credibilidade. Sendo a restauração do concelho um objectivo que à luz dos partidos pode ser considerada circunstancial e não doutrinária, isso faz sentido.
O actual MRCCS depois de ter conseguido mobilizar os Canenses (coisa que a meu ver não é muito complicado dado o sentimento "genético" de autodeterminação) após o PSD, depois de perder a CM de Nelas, ter apresentado um projecto de Lei no Parlamento, alapou-se a este partído e mostrou-se fiel como nunca aos desígnios desta força política. Ironia das ironias um Movimento que deveria pugnar pela restauração do concelho faz exactamente o contrário. O responsável máximo é, como não poderia deixar de ser, Luís Pinheiro. É-o devido a sempre se ter denominado líder e aos líderes cabe o bom, mas também o odioso, das acções que o seu grupo pratica.
Será que na actual conjuntura política local e, especialmente nacional, faz sentido a existência de um MRCCS activo? Nesse aspecto acho que Luís Pinheiro faz bem em abandonar a "luta radical", lamento é que o tenha feito nos termos em que o fez e que tenha passado do 80 para o 8 sem qualquer explicação (talvez julgue agora que não necessita que o povo decida em sessão de esclarecimento para assim sacudir a água do seu capote) e de uma forma completamente vergonhosa para ele, para Canas e para quem acreditou cegamente no que defendia anteriormente. Lamento igualmente que quem mais ganhe com esta pensada viragem sejam meia dúzia de pessoas e não Canas de Senhorim como seria justo e meritório.
Outra questão que para mim não faz qualquer sentido é, tendo a luta sido abandonada e apresentado um caderno de encargos para desenvolver a freguesia, que o Presidente da Junta de Canas não defenda a Freguesia na Assembleia Municipal. Entende-se com a Câmara PSD, e ainda por cima atribui-lhe um cheque em branco, não dando visibilidade pública ao não cumprimento dos compromissos que teriam sido assumidos nesse tal caderno de encargos e que levou os Canenses a votar maioritariamente em Isaura Pedro permitindo-lhe ganhar a Autarquia. Faltas que, em abono da verdade, são religiosamente justificadas e que apenas talvez só o omnisciente Ser e mais meia dúzia de poderosos saberão o porquê da permanente ausência.
Sendo a restauração do concelho um sentimento do âmago Canense que não pode facilmente ser amestrado, acredito que, como alguém já disse, o MRCCS nasce do "Povo". Se assim for seria interessante confirma-lo de alguma forma e dar oportunidade aos Canenses de se pronunciarem sobre isso.
Com três eleições aí à porta porque não organizar um referendo, mesmo que informal, já nas próximas eleições europeias, sobre:
- A necessidade de activismo do MRCCS na actualidade;
- A líderança do MRCCS;
- A relação de Canas com Nelas e a forma de representatividade que devemos exercer enquanto a estes pertencermos e pagarmos os nossos impostos.