Ou quando fazer certa obra não é propriamente boa notícia.
Recentemente assistimos no centro de Canas à reposição de um tapete de betuminoso - alcatrão, por cima do já muito degradado existente.
Ora isto, aparentemente são boas notícias, certo? Errado! Só o serão para quem julga que isso é mais do que suficiente para aquela zona de Canas de Senhorim.
Ainda há pouco tempo assistimos ao anunciar de um conjunto de investimentos para reabilitar a Vila de Nelas, investimentos esses para serem feitos em áreas muito menos degradadas do que a generalidade das restantes áreas urbanas do concelho (Canas de Senhorim incluída) e estimados em mais de 1,5 milhões de euros. Uma destas anunciadas intenções é a que terá lugar nas 4 Esquinas Nelenses. Comparem-se com as de Canas e veja-se qual é que devia ter prioridade de intervenção. Há à muito uma filosofia centralista que impõe obra onde ela não é mais necessária.
Com este alcatrão aquilo que verdadeiramente está a acontecer é um anúncio que uma verdadeira reabilitação urbana, entre o “Borges” e a Escola do Fojo, entre a Fonte das Moitas e o Pelourinho, não irá acontecer e, provavelmente, nem plano vai ter. Continuaremos a ter passeios anedóticos e inapropriados, iluminação pública inestética, circulação automóvel desordenada, estacionamentos insuficientes, etc. Um centro pouco consentâneo com a história secular que temos e atractivo para habitantes e visitantes que dinamize comercio local e melhore a qualidade de vida de quem cá (ainda) vive. Uma povoação que contribua para um Concelho de Nelas mais integrado e onde as suas populações se possam reconhecer de forma orgulhosa. No fundo trocamos isto por uns metros de alcatrão. Lá se vai a intervenção pública que sirva de motor a reabilitações urbanas de iniciativa privada para reabilitar (com benefícios fiscais) o edificado existente.
Compare-se isto com o que vai acontecer na sede do concelho, com espaços de fruição pedonal, espaços calcetados no nosso nobre granito, mobiliário urbano e iluminação de primeira água e veja-se a diferença.
Porque raio não é posto um tapete de alcatrão, por exemplo, entre a Mata das Alminhas e as Finanças? São as diferenças de tratamento recorrentes a que estamos habituados e que, infelizmente, são validadas por quem tem a primeira obrigação de fazer o contrário.
Continuem os eleitores e alguns dos seus representantes a comportar-se como de segunda e terceira categoria e depois espantem-se por serem, e as suas localidades, tratadas dessa lamentável forma.
Ou ler o título, estranhei a utilização do verbo obrar. Depois, no decorrer do texto pareceu-me que no caso de se tratar de uma referencia escatológica, aplicasse na perfeição. Na realidade esta Câmara, como executor de obra tem sido um verdadeiro tratado de produção de coco.
ResponderEliminarA que se deve tal desnorte na aplicação dos recursos desta Câmara? Quando o paradigma devia ser centrado na definição de obras em zonas de intervenção prioritárias de forma a valorizar social e economicamente o nosso espaço publico, o que temos é uma reinvenção do que Fernando Pessoa escreveu, “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, que por estas bandas é, O Presidente quer, o amigo pede, a obra nasce.
A historia deixa sempre lugar para aqueles que invés de se limitarem à repavimentação de estradas ou realizar festas, deixaram riqueza criada no final de cada mandato. Com certeza, existem recursos estratégicos em Canas de Senhorim que seria urgente valorizar, como é o caso do aludido centro histórico.
Há outras coisas, até em Nelas, prioritárias relativamente ao que se anuncia. Reabilitar o Largo do Município? O Largo do Arvoredo (esta deve ser a 5ª ou 6ª nos últimos 10 anos)?
ResponderEliminarÉ mais simples embebedar as pessoas de luz e festas. O mais estranho e que o discurso era que isso mesmo nos tinha levado a uma situação financeira deplorável. Afinal é mais do mesmo.