Incrível, extraordinário e invejado?

Hoje remeteram-me a imagem anexa onde o presidente da Câmara Municipal de Nelas, no seu perfil pessoal do Facebook, em tom gabarolante de engraxador de si próprio, se congratula porque o "o Município de Nelas está acima, muito acima nalguns casos, de grandes e poderosas Câmaras Municipais" no que concerne ao "valor por habitante" de fundos comunitários.

Impressionante é um presidente de Câmara, em exercício de funções há 7 anos não entender o básico e continuar a limitar-se a atirar atoardas que apenas justificam a sua própria inacção e a dar combustível a uma política que prejudica o interior e os mais fracos, centralizando investimentos e população.

Pense-se (ligeiramente) sobre o que é dito:
    
Os fundos comunitários, especialmente os de coesão, grande fatia do que foi aprovado, destinam-se à, veja-se lá, coesão, que pressupõe que os mais fracos recebam mais que os mais fortes. Se assim não fosse os chamados "grandes e poderosos" contribuintes líquidos europeus (Alemanha, Holanda, etc..), receberiam mais dinheiro do que Portugal. Ter um presidente a deitar foguetes porque Nelas tem mais dinheiro per capita do que Viseu é ignorância e, ao mesmo tempo, regozijo por ser mais atrasado;

Mas, no caso concreto, o que temos aqui em causa até são projectos aprovados e não os executados. Paradigma de que não é a mesma coisa e termos a "Grande ETAR de Nelas", aprovada há uns 5 anos,  ainda por executar, tendo já ultrapassado todos os prazos com que se tinha comprometido. Por aqui podemos ver que é fácil deitar foguetes porque se tem dinheiro para gastar mas gastá-lo, para maximizar o investimento e a percentagem atribuída pela Europa são coisas bem diferentes. No caso da ETAR, como veremos daqui a uns anos, muitos serão os que desejarão que tais milhões nunca tivessem sido gastos da maneira que o estão a ser. Quando a factura da água começar a chegar, meditem no "incrível, extraordinário e invejado" como forma de catalogar os fundos que este senhor escolheu e a forma miserável de os executar, com atrasos constantes, megalomanias e favores às empresas que os transformam em obra.

Ao malabarismo de má qualidade junta-se um último artificio que é o de atribuir ao Município de Nelas os projectos aprovados a entidades privadas e empresas que em nada dependem da Câmara para os ver aprovados ou para os executar e ainda alguns que (vá-se lá saber como) foram aprovados mas nunca serão executados (alguém sabe como está a fábrica da Overland Solutions, que viu aprovados mais de um milhão de euros para reciclar fraldas?).

Deixemos para o fim o facto de este sui generis autarca estar a dar combustível e de certa forma a validar uma teoria da conspiração, com a qual não concordo, trazida à praça por Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal de Viseu, de que os "fundos comunitários só são aprovados para câmaras do partido socialista". É obra.



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