A Força que nos Une? O Povo é quem mais Ordena.

Recentemente grandes cartazes garantiam-nos que a força que nos unia, a nós meros cidadãos era a “confiança” e a “esperança”, adjectivos que, para mim (e pelos vistos para a maioria) só faziam sentido para descrever a união dos integrantes das referidas listas. Maioritariamente só os candidatos teriam confiança e esperança em serem eleitos. Olhando para muitas das acções de campanha, nomeadamente para o “grande comício de encerramento” que o PS(?) deu na Escola de Nelas, até é provável que nem neste universo a confiança e a esperança fossem sentimentos que se manifestassem, pois nem estes se deslocaram ao referido evento.

Zeca Afonso postulava que “o Povo é quem mais ordena” e, o povo, ordenou o que se impunha, contra os ditames de meia dúzia de avocadores, que devem achar que a democracia (seja ela a interna ou a externa aos partidos) é um mero artificio para usarem a seu bel-prazer – As listas do OS foram impecavelmente dizimadas no processo eleitoral.

Borges da Silva, mal tomou posse como presidente da Câmara, demonstrou ao que vinha e manifestou que os valores da democracia, legalidade, educação, eram meros artifícios para atirar à cara de outros pois, a ele, imbuído das vestes de presidente, tudo lhe era permitido, ultrapassando todos os limites. Com ele, pouco tempo bastou para manifestar que as regras (legais, de educação, democráticas, etc.) eram coisas importantes, mas só para aplicar aos outros cidadãos, eleitos ou não.


Para quem com ele foi eleito em 2013, todos os seis vereadores, tudo isto foi clarinho com água, tais as tropelias, má educação, prepotência, manifestada dentro e fora das reuniões de Câmara. Não foi por acaso que dos seis vereadores eleitos (3 do PS, 2 do PSD e 1 do CDS) só uma se manteve, impávida e serena, ao lado dele. Lá saberá quais são os valores e as suas prioridades. Todos os outros, sem excepção, lhe retiraram as competências e o acusaram publicamente de não cumprir os mínimos da decência, tentando que a dignidade e a legalidade voltassem a um órgão que sendo o mais representativo do Concelho se impõe que seja digno. Naturalmente, fruto de um desinteresse geral dos cidadãos no dia-a-dia da política, foi mais ou menos fácil para Borges da Silva vitimizar-se e enganar (novamente) o partido e os cidadãos. 

O PS, logo em 2017, manifestou que Borges da Silva não devia ser candidato. Logo em 2017 foram feitas pelo menos duas reuniões de militantes onde, na presença de Borges da Silva, foi explicado a todos os militantes que compareceram (e numa reunião o então presidente até levou uma claque intimidatória de não militantes), bem mais de 50, as razões porque não devia o partido recandidatar Borges da Silva. A maioria da Comissão Política Concelhia deliberou (em voto secreto em urna) não recandidatar o então presidente. Uma parte do partido, legitimamente, optou por ignorar as razões cabalmente explicadas. O processo foi avocado pela distrital e nacional e Borges da Silva foi reeleito. 

Releeito que foi, pouco tempo bastou para, mais uma vez, Borges da Silva demonstrar do que era feito e, os que lhe tinham dado o benefício da dúvida, untados por promessas pessoais e outras, rapidamente viram que tinham sido enganados. 

Não é, portanto, propriamente surpreendente que nesta autárquicas o PS tenha perdido as eleições. Mais uma vez a concelhia do PS, constituída por outros militantes, disse que não o queria e mais uma vez foi desautorizada pela distrital e nacional. Mais uma vez Borges da Silva mostrou toda a sua prepotência e incapacidade de ser humilde e de se colocar, genuinamente, ao lado dos que tem de servir. Surpreendentemente foi, para mim, a expressão da sua derrota. Uma resposta que o povo deu a quem durante oito anos demonstrou que julga que não é o povo que ordena, mas ele próprio. Pois teve a única resposta que tal atitude merece. Resposta que foi endossada a todos os que escolheram ficar ao lado de um poder podre e mal-educado. 

É geralmente atribuída a Lincoln, embora isso pouco interesse, a frase (em inglês naturalmente): “podeis enganar toda a gente durante pouco tempo; podeis enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente”. Para Borges da Silva a balança do engano, seu único modo de agir, desequilibrou-se ao fim de oito anos. Felizmente para o Concelho e para o seu povo agora na Câmara está uma nova equipa, com um presidente bem-educado, desprendido, sem vícios e ligações obscuras, características que podemos atribuir a outros elementos. O mesmo será válido para a maioria das juntas de freguesia, com Canas de Senhorim à cabeça, onde foi possível enterrar um anacronismo hipócrita que, pegando num sentimento legítimo e de amor ingénuo, o transformou num instrumento de poder pessoal que fez definhar aquela que foi durante décadas a localidade mais importante e pujante do Concelho. 

Bookmark the permalink. RSS feed for this post.

Leave a Reply

Com tecnologia do Blogger.

Procura

Swedish Greys - a WordPress theme from Nordic Themepark. Converted by LiteThemes.com.