Prioridades

Junho: Mês de Santos Populares, de festas e de arraiais. 

Em Nelas São João batiza o feriado municipal, pese embora se celebrem, por todo o concelho também Santo António e Pedro. São muitas as pessoas e associações que se organizam e trabalham para que em Canas, Lapa do Lobo, Urgeiriça, Nelas, se celebrem estes santos mais de trazer por casa, mais populares. Mas em Nelas o verdadeiro santo é um "santo pagão". Quem manda é o "São Baco" e tem uma festa com vinho a celebrá-lo.

Ainda assim, porque para festas aparentemente nunca falta dinheiro (corta-se na água, nos esgotos, nos parques infantis, nos apoios às associações locais, etc.), celebra-se o São João e este ano o cartaz é este. 


Primeira constatação é que a CM de Nelas considera o chamariz não as marchas populares, o trabalho das Associações, os marchantes mas Herman José. Não desfazendo do "verdadeiro artista", parece-me que se estão a inverter as prioridades e a importância que o Município devia dar ao que é "seu". Será que isso é apenas uma forma inadvertida de manifestar que (para quem valoriza o dinheiro acima de tudo) o lisboeta tem mais "apoio" financeiro por uma simples hora de espectáculo (anima das 22 as 23 horas) que os grupos que desfilam no Santo António, São João e São Pedro? É bastante provável. 

Quatro das Associações culturais mais relevantes do concelho (Paço, Rossio, Cimo do Povo e Bairro da Igreja) recebem, cada uma 12 mil e 500 euros para organizar os Santos Populares e os Carnavais. Trabalho árduo durante meses, com envolvimento de muitos voluntários dedicados, muitas despesas, muito tempo consumido. 

Quanto receberá Herman José para nos entreter 60 minutinhos? Consultado o portal BASE podemos ver que, muito provavelmente, 14 mil euros mais IVA - €18.760. São mais de 312 euros por minuto. Quanto recebem as três Bandas Filarmónicas do Concelho de subsídio anual? Quanto recebem os organizadores do São Pedro na Urgeiriça? E das festas populares na Lapa ou em Vilar Seco? Quantos funcionários da autarquia receberão de vencimento anual esta verba?



Temos portanto os organizadores das festas a desvalorizar quem há anos e anos cria tradições, mantém viva a festa, celebra efectivamente os santos. Julgarão os mandantes que basta oferecer umas sardinhas e está feito? 

Uma outra festa do Concelho, que já foi afirmação de vitalidade e emancipação tem o seguinte cartaz:


Um cartaz onde, sem qualquer margem para dúvidas, o que se valoriza são as Associações, Escola e os artistas locais. Pena é que o dinheiro que podia ser investido nas mesmas Associações não o é em lado nenhum. Ou pelo menos que se saiba. Com tanta proximidade entre Junta e Câmara, tanta amizade entre actores, tanta representação nos órgãos, esperar-se-ia, pelo menos, a continuação de algumas boas iniciativas e até a expansão para outras. Fica para a próxima. 

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