Os Fornos Electricos e o Ambiente

Corria o ano de 2017, meses antes das autárquicas, e era afixada nas instalações dos antigos Fornos Eléctricos uma placa que nos informava - "Vendido à CM de Nelas". Presidente da Câmara e Junta de Freguesia asseguravam-nos que agora é que era e que até já havia um empresário do Carregal do Sal que se instalaria ali a breve prazo. Fotografia foi tirada com o referido senhor a assinar um contrato.

Passados quatro anos, um comunicado da CM de Nelas do passado dia 23 de Julho, deixa-nos a saber que pelos vistos havia uma intenção de instalar uma empresa naquele espaço - Preço Circular Norte SA. Curiosamente esta empresa, criada a 3 de Março de 2021, sucedânea de outra muito breve com sede na mesma morada de um conhecido escritório de advogados sito à Av. João XXIII e em qual o actual presidente da CMN já foi sócio. 


Façamos de conta que este "detalhe" é normal. Que uma empresa com aquela sede, ir comprar um terreno que tinha sido anunciado como adquirido pela CM de Nelas é aceitável. Façamos de conta que é aceitável que uma empresa com sede no escritório de Lurdes Borges da Silva veja "cedidos terrenos", imagino que a preços abaixo do preço do mercado, pela Câmara presidida por José Borges da Silva. Façamos apenas de conta porque, infelizmente, o problema é bem mais grave e, inadmissivelmente, é praticamente ignorado por Câmara Municipal, presidente da Câmara e Presidente da Junta de Freguesia. 

Ora a Câmara, nesse tal comunicado de 23 de Julho, informa que a tal empresa - Preço Circular, afinal vai ter de instalar em Nelas e não em Canas (e havia um protocolo de 13 de Abril que tal previa)  porque os terrenos dos Fornos Eléctricos (que em 2017 tinham sido comprados pela CMN) afinal estão contaminados. Isto depois de nos ter sido dito, também pela CMN, que a CCDR Centro garantia que os terrenos estavam descontaminados. É indesmentível que Borges da Silva mente. Mentirá quando nos disse que já tinha comprado os Fornos, quando nos garantiu que que lhe asseguraram que os terrenos estavam "limpos" ou em ambos.

O longo texto, reserva três linhas para nos dizer que "a Câmara Municipal de Nelas (que continua em contacto com a APA, a proprietária Caixa Geral de Depósitos e o Ministério do Ambiente com vista à descontaminação total das instalações dos Fornos)". Portanto a CM de Nelas, ela própria, assume que em 2017 nos mentiu quando disse que tinha comprado os Fornos Eléctricos à CGD. Quanto à contaminação a "preocupação" é quase nula.

Mas qual será o grau de contaminação de que falamos? Ora segundo o estudo apresentado temos valores que chegam a ser quase 10x superiores ao considerado normal pela Agência Portuguesa do Ambiente, especialmente no cobre e no zinco, mas também no arsénio, chumbo e, provavelmente, nos cianetos, tudo material que, como podem imaginar, é bastante nocivo para a saúde e para o ambiente.

Onde andam os homens que rasgam vestes e fazem comunicados por causa de parques de caravanismo, que bolsam textos do Saramago porque lhes pisam os calos, que estão sempre prontos para "defender Canas" e o Concelho? Será que iremos ver mais um episódio do "não há nenhum problema de radioactividade na Urgeiriça"? Desta feita não temos direito a caixão nas escadarias da CM de Nelas? É que, dada a temática e quando comparado com o que deu origem a esse episódio, talvez valesse a pena. Hoje, 2 de Agosto, julgo que é claro que a defesa dos interesses da Freguesia nunca foi o objectivo do "último" MRCC.

O que é certo é que temos, à vista de todos, mais um gravíssimo problema ambiental em Canas de Senhorim. A SIC, há uns 3 anos até fez uma reportagem onde alertava para tal e, na altura, foi-nos prometido que o problema seria rapidamente resolvido (tenho até ideia que nos foi dito que já estaria) e, afinal, continuamos a ter metais pesados a contaminar solos e aquíferos sem qualquer aviso ou informação, eventualmente produzindo graves prejuízos a prazo na saúde das populações e da fauna e flora locais. Este assunto não é merecedor de manifestações, de pressões, de entrevistas? Não há nenhum titular de órgão político ou público que queira assumir a resolução deste problema, já que, mais uma vez, os nossos órgãos autárquicos estão mais interessados em amealhar do que em defender-nos?

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